Sampa é uma cidade que já foi reconstruída algumas vezes, ou seja, já demoliram algo que existia e construíram outra coisa em seu lugar por 3 vezes. Pelo que ando vendo por aí, talvez estejamos partindo para a 4a. reconstrução da cidade.
Bem no centro da cidade, em frente ao Mercado Municipal, 2 edifícios: o São Vito, construção da década de 50 e conhecido como treme-treme, e o Mercúrio, datado da mesma época. Vizinhos, ambos com 27 andares, mesmo arquiteto, mesma construtora, mais de 1.000 apartamentos. Demolidos juntos. Seus telhados foram vendidos a um lixão. Tudo isso se sabe, o que não se sabe muito bem é para onde foi a população que lá morava. Prostitutas, camelôs, pessoas de baixa renda que trabalhavam e faziam seus bicos naquela região, conhecida como zona cerealista.
Com a justificativa de que os edifícios estavam degradados e inseguros e que seria extremamente caro reformar e deixá-los em condições dignas de moradia, Mercúrio e São Vito vieram ao chão.
O poder público prefere demolir moradias em locais com infra-estrutura adequada (transporte e emprego) e empurrar sua gente para a periferia. Diz-se que no local serão construídas unidades do SESC e do SENAC, para atender a quem? A população que foi mandada aos extremos da cidade? Que não tem condução decente para chegar ao centro?
Tenho cá minhas desconfianças de que pode ser ainda pior: usar esse espaço e transformá-lo em estacionamento para os turistas que visitam o Mercadão para que os carros tomem ainda mais conta da cidade.
(fotos by Cinthia Castro)