Uma psicanalista a quem admiro muito, Maria
Rita Kehl, escreveu em seu Sobre Ética e
Psicanálise: “O artista cria um objeto que represente a dimensão impossível
de seu desejo e o oferece aos seus semelhantes, que, reconhecendo-se
representados nele, aceitam e valorizam o objeto criador, retribuindo ao
artista com seu aplauso, sua gratidão (...)". E foi assim que me senti em
Madrid ao visitar seus mais importantes museus, e admirar a obra dos artistas
que mais me emocionam!
Emocionam a ponto de fazer brotar lágrimas dos
olhos quando os vi. O que difere de estar frente a frente com a obra de vê-la
em livros é justamente a expectativa que antecede sua visão. Sinto um frio na barriga assim que coloco os pés no museu, e o caminho até
chegar a pintura o frio só faz aumentar e o coração acelerar... e é sempre uma
surpresa quando entro em uma sala e me deparo com a obra tão admirada, desde
antes. A luz, o clima, o cheiro do lugar, tudo isso acaba fazendo parte da
obra... e a torna mais emocionante ainda!
Depois do Louvre era difícil pensar em algo tão
ou mais grandioso, até a primeira sala do Museo del Prado! O caminho até chegar
aos Goya, El Greco e Velazquez, passa por Bosch, Rubens, Rembrandt...
No Reina Sofia a grandiosidade de Guernica é
algo impressionante! A cereja do bolo são as gravuras de Goya! Uma ala imensa
do museu apresenta obras que fazem, de alguma maneira, menção a guerra... Não
para louvá-la mas sim como um alerta!
No Thyssen-Bornemisza o reencontro com Monet,
Renoir, Degas, Sisley foi delicioso... não tantos como os do d’Orsay, mas muito
bem representados! E de quebra uma exposição especial de Gauguin, recém
inaugurada!
Emocionante mesmo poder ter estado com estes
artistas, representados por suas obras que me tocam de maneira tão visceral! Acho que posso passar o restante da minha vida
sem voltar ao Louvre, mas pensar em nunca mais voltar ao Prado é doloroso
demais!!
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