quarta-feira, 3 de abril de 2013

Desabafo na madrugada

Quem me conhece bem, ou quem tem convivido comigo mais de perto nos últimos meses tem acompanhado minhas angústias, dúvidas, meu inconformismo, tristeza e raiva com o mundo! Com as injustiças, corrupção, políticos, radicalismo, preconceito, com o que devia mas não funciona, com a incompetência dos que deviam trabalhar para a população, com os desmandos, enfim, com tudo isso aí que quase todo mundo também já está cheio, mas esses sentimentos todos estão me fazendo muito mal!

Irritação desmedida, estresse exacerbado além de um surto de infecção são só o começo... mas não dá prá esperar o final! Venho tentando agir onde posso, fazer minha parte, marcar minha posição frente ao que não concordo mas acho que não tá dando. Há dias venho pensando que talvez escrever possa me ajudar a organizar as idéias, me acalmar um pouco - batendo no teclado ao invés de naqueles que, de verdade, mereceriam apanhar.

E aqui estamos nós... chega de ficar pensando se minhas letras na tela podem me ajudar... 'bora ver se dá certo, rsrs

Assistindo ao Profissão Repórter, uma das poucas coisas que me animam na TV, vi como o povo do Complexo do Alemão no Rio vive! Histórias de como o abandono do poder público por anos pode ser transmutada, através da pacificação em destino turístico! Mas, vocês acham que o governo está efetivamente preocupado com sua gente? Pacificou, mas não deu endereço a maioria das pessoas... mas deu conta de luz! Logo vai estar cobrando IPTU, se já não o faz! (e antes que alguém diga algo: eu não acho certo as pessoas "roubarem" energia elétrica.)

Fico com a sensação de que se espera que essas intervenções do governo devam ser louvadas, agradecidas e comemoradas como se uma vida decente não fosse direito das pessoas e sim favor do poder público (que de público não tem nada, né?)

Vi a história de um casal em que a mulher conseguiu um emprego com carteira assinada em uma padaria, do qual está super orgulhosa, e o homem, desempregado, fica em casa cuidando dos 4 ou 5 filhos. Ela não tem dinheiro para pagar a condução para chegar ao trabalho, então pede carona ao motorista do coletivo; diz que por causa de tanto pedir foi apelidada de 0800. Ele conta seu passado no tráfico, a saída dessa vida e mostra o barraco onde moram no quintal da casa da mãe: 3 cômodos, móveis pegos no lixo, banheiro sem porta e por aí vai...

Penso em todas as coisas que as pessoas falam e postam nas redes sociais sobre os programas sociais do governo e me pergunto se elas estão vendo isso, as condições sub humanas que esse casal (assim como milhões de brasileiros) vivem...

Pensar que a classe média sustenta os pobres que são indolentes, vagabundos e que vivem na miséria porque não querem trabalhar, já que o governo lhes dá, de favor, algum auxílio pecuniário, me parece, para dizer o mínimo, um pensamento equivocado e que pode, na minha modestíssima opinião, explicar um pouco a paranóia e o ciclo de violência que vem se alastrando pelo nosso país.

Em tempo: essa política social do governo, sem revisões e mudanças nas políticas públicas  no sentido de garantir o espaço social a TODA população também não vai nos livrar da miséria em que nos encontramos!