quinta-feira, 23 de julho de 2015

São Paulo é 10


Conheci o grafiteiro Eduardo Kobra por acaso.

Já tinha visto suas obras pela cidade mas num passeio pelo Beco do Batman, na Vila Madalena, encontrei-o pintando um mural do Ayrton Senna (que já não existe mais, uma pena!). Muito tímido e focado no trabalho me deixou tirar umas fotos e conversamos um pouco. O que talvez muita gente não saiba é que ele nunca trabalha sozinho. O Kobra tem um estúdio na Vila sempre trabalha com outros artistas e nesse dia grafitava com o Agnaldo, parceiro inseparável e foi com ele que mais conversei e ficamos amigos!

Quando do aniversário de Sampa, do ano passado, o Agnaldo chamou para acompanhar o trabalho que estavam fazendo no Capão Redondo para comemorar o aniversário da cidade. Um enorme mural com o Racionais MC's bem em frente a estação do metrô. Lá conheci outros artistas que participavam do trabalho e o Anderson Atual-art, que mora na área passou o dia me apresentando coisas legais do bairro: a loja 1daSul, o magnífico CEU do Capão, o Centro Cultural Davila NósSomos, enfim, um tour bem legal. Foi um dia inesquecível!!

Faço parte de um Coletivo de Fotógrafos, o SampaGrafia e para nosso projeto atual quero fazer fotos lá no Capão e o Anderson é o cara certo prá me ajudar a escolher os lugares onde fotografar. Fui conversar com ele que hoje estava acompanhando o Kobra num trabalho na Vila, um mural que faz parte da ação São Paulo: uma realidade aumentada / São Paulo é 10. 

Eles estavam realizando o último mural dessa ação, uma homenagem ao Raimundo, o poeta que vivia há décadas na rua em Pinheiros até que foi "descoberto" por uma moradora que conseguiu contato com a família e seu retorno para Goiania. Pelas fotos vocês podem ver como tá ficando bacana!
Se interessar saber quais foram as outras ações e os trabalhos feitos por essa galera talentosa é só dar uma olhadinha aqui. Quanto ao projeto fotográfico do SampaGrafia, aguardem que vem coisa boa por aí!!


like a pop star

fotos - www.cinthiacastro.com.br






segunda-feira, 29 de junho de 2015

Os artistas de Sampa

Caminhar pelo centro da cidade sempre rende bons momentos!
No último sábado uma breve caminhada revelou grandes artistas exercendo sua arte e divertindo a população!

Enquanto o anjo parecia sequer notar minha presença, o engolidor de sacos plásticos estava mesmo se exibindo para fotos! E eu, que quase não gosto, também me esbaldei!!




(fotos de Cinthia Castro)



segunda-feira, 22 de junho de 2015

Existe amor em SP - a Virada Cultural de 2015


Mais uma virada cultural e mais uma vez eu fiquei naquela de vou, não vou...
A oportunidade de conhecer o terraço do prédio da prefeitura resolveu a dúvida! Mesmo com a gripe fungando no meu cangote lá fui eu para o centrão ontem de manhã. Saindo do metrô na Praça da República já era possível sentir o clima: Pessoas pelas ruas no lugar dos carros, música tocando por todos os lados, performances no Viaduto do Chá e uma galera super organizada esperando o momento de subir aos jardins suspensos do Matarazzo!

Saindo de lá, para a Luz, Júlio Prestes e voltando pela Santa Ifigênia até o Páteo do Collegio para terminar meu dia embarcando na Sé literalmente morta de cansaço! E feliz!! Quer saber por que? Porque a cidade estava ocupada pelas pessoas, gente de tudo que é tribo, de tudo que é lugar, moradores e turistas pois é assim que devia ser sempre! Todo mundo na rua!

Não importa que eu só tenha conseguido ouvir de longe o Emicida, mas pude ver milhares de mãos levantadas aplaudindo o que o cara cantava e dizia e se divertindo e dançando! E um grupo de Candomblé caminhando pelas ruas desfilando sua fé! Em meio a tanta intolerância e violência dos últimos tempos ter um fim de semana inspirador nessa que é a maior e mais plural cidade brasileira é lindo!! E é assim que devia ser sempre! Abaixo os muros! Todos prá rua!

Ao invés de postar aqui uma foto do dia tão maravilhoso que foi esse domingo, fica o vídeo do Tim Tim que eu descobri lendo o excelente texto da Eliane BrumSei que o texto é longo, mas depois de assistir ao vídeo deixa de preguiça e vá lá lê-lo!, ele diz sobre as rebeliões que precisamos empreender!






Cabe ainda lembrar da super organização do evento que esse ano quase não registrou ocorrências policiais, nem confusões, nem brigas, e que manteve a limpeza pelos 4 cantos da cidade, com muitas opções de comida e bebida (que eram sempre uma falta). E um viva à São Pedro que nos deu um belíssimo fim de semana.





segunda-feira, 15 de junho de 2015

Burgundy e Coccinelle em Sampa


Em mais uma passagem pelo centro velho da cidade resolvi entrar no edifício Banco de São Paulo na Pça. Antônio Prado. Projetado pelo arquiteto Álvaro de Arruda Botelho, belíssimo exemplar da Art Déco, foi entregue em 1938 para ser a sede do banco fundado pela família Almeida Prado no final do século XIX.

Passando por pesadíssimas portas de ferro dá-se de cara com um saguão ricamente decorado com o que havia de mais nobre na época: mármore Carrara, mosaico de pastilhas de cerâmica, mesas de granito maciço decoradas por cristais, lustres de alabastro, além de madeiras e couros trabalhados pelo Liceu de Artes e Ofícios. O elevador que fica no mezanino é uma obra de arte por si só, emoldurado por madeira de lei e um enorme relógio que ainda hoje marca pontualmente dia e hora.


Admirando a beleza do monumental saguão nem percebi a aproximação da Heloisa! Vestido de seda, meias finas e salto alto, coque banana, toda trabalhada no batom burgundy! Très chic! Ela se apresentou e começou a conversa me enchendo de perguntas: de onde eu era, se era turista, se conhecia o prédio...  falou dos programas gravados lá nos últimos tempos, ofereceu guias da cidade, me disse que era tradutora de francês da secretaria (nesse prédio funciona a secretaria de Estado da Juventude, Esportes e Lazer) e daí a conversa ficou diferente!! (sempre achei que está escrito psicóloga na minha testa! Verdade! E a cada dia acredito mais nisso, mesmo que EU não consiga enxergar as letras!!)

Voltando ao papo com a Heloisa: depois de me contar que era tradutora formada ela me perguntou se eu entendia de computador e já foi contando de um amigo libanês muito querido, morando na França, prá quem ela queria enviar um email com uma figurinha mas não estava conseguindo!! Me pegou pela mão e me arrastou até uma sala com um computador aberto em uma página com zilhões de desenhos de joaninhas... “o símbolo da nossa amizade é a coccinelle!” falou com corações-zinhos saindo pelos olhos! Feito o favorzinho prá minha mais nova amiga, ainda acompanhei a escrita do email em francês para o tal amigo, ganhei café, muitos mercis e uma marca do burgundy na bochecha!

Ah! Sampa! Uma surpresa a cada esquina!



(foto de Cinthia Castro)






quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Vila dos Ingleses

A região da Luz, é uma das minhas preferidas!
Tem arte, cultura, arquitetura e um dos parques mais bonitos da cidade. Já estive por lá vezes sem conta: na Pinacoteca, na Estação da Luz, no parque, enfim... vira e mexe uma passadinha na área.

Essa semana conheci mais uma joia do bairro: a Vila dos Ingleses!


Foto de Otto Rudolf Quaas.
Acervo do Instituto Moreira Salles
Na década de 1889 o arquiteto Ramos de Azevedo construiu um belíssimo palacete para a Marquesa de Itu, na Rua Florêncio de Abreu esquina com Rua Mauá. Pelos idos de 1915, a marquesa doou parte do terreno dos jardins à sobrinha, que junto com o marido - engenheiro, construiu 28 sobrados (inspirados nas construções dos subúrbios londrinos de estilo vitoriano) para servirem de moradia aos ingleses que vieram trabalhar na remodelação da Estação da Luz. 

Com o término do trabalho na estação os britânicos que não voltaram ao seu país se mudaram para a região de Guarapiranga e estudantes das faculdades da região e intelectuais habitaram a vila que chegou a ser bombardeada durante a revolução de 32.

A partir da década de 50, acompanhando a degradação da região, os sobrados viraram cortiços abrigando migrantes que desembarcavam na cidade, até que em 1986 o advogado Pierre Moreau, bisneto do engenheiro-construtor, assumiu a administração do empreendimento. Decidiu transformar a vila em um centro comercial alugando os sobrados a inquilinos que se comprometessem a reformar os imóveis mantendo suas características e fachada originais, em contra partida pagariam um aluguel simbólico. Hoje estão por lá escritórios de arquitetura, design e um restaurante.

Tombada pelo Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, um pedacinho desse história de Sampa está garantido já que o palacete se foi há muito tempo!



foto by Rapha Diniz