sábado, 27 de outubro de 2012

A Arte em Madrid



Uma psicanalista a quem admiro muito, Maria Rita Kehl, escreveu em seu Sobre Ética e Psicanálise: “O artista cria um objeto que represente a dimensão impossível de seu desejo e o oferece aos seus semelhantes, que, reconhecendo-se representados nele, aceitam e valorizam o objeto criador, retribuindo ao artista com seu aplauso, sua gratidão (...)". E foi assim que me senti em Madrid ao visitar seus mais importantes museus, e admirar a obra dos artistas que mais me emocionam!

Emocionam a ponto de fazer brotar lágrimas dos olhos quando os vi. O que difere de estar frente a frente com a obra de vê-la em livros é justamente a expectativa que antecede sua visão. Sinto um frio na barriga assim que coloco os pés no museu, e o caminho até chegar a pintura o frio só faz aumentar e o coração acelerar... e é sempre uma surpresa quando entro em uma sala e me deparo com a obra tão admirada, desde antes. A luz, o clima, o cheiro do lugar, tudo isso acaba fazendo parte da obra... e a torna mais emocionante ainda!

Depois do Louvre era difícil pensar em algo tão ou mais grandioso, até a primeira sala do Museo del Prado! O caminho até chegar aos Goya, El Greco e Velazquez, passa por Bosch, Rubens, Rembrandt...

No Reina Sofia a grandiosidade de Guernica é algo impressionante! A cereja do bolo são as gravuras de Goya! Uma ala imensa do museu apresenta obras que fazem, de alguma maneira, menção a guerra... Não para louvá-la mas sim como um alerta!

No Thyssen-Bornemisza o reencontro com Monet, Renoir, Degas, Sisley foi delicioso... não tantos como os do d’Orsay, mas muito bem representados! E de quebra uma exposição especial de Gauguin, recém inaugurada!

Emocionante mesmo poder ter estado com estes artistas, representados por suas obras que me tocam de maneira tão visceral! Acho que posso passar o restante da minha vida sem voltar ao Louvre, mas pensar em nunca mais voltar ao Prado é doloroso demais!!




Palácio Real de Madrid



Só para constar: nunca vi nada tão deslumbrante!

Um palácio, de verdade, onde viveram reis e rainhas... salões, aposentos íntimos, fumador, sala de armas, farmácia, sala do comedor de gala... Não há um espaço sequer sem decoração ou uma peça de arte... até no teto, todos decorados com lindas pinturas representando deuses pagãos e não pagaões, ou então a sala de porcelana, onde não há um pedacinho que não esteja coberto pela linda porcelana pintada e em relevo produzida por artesãos-ceramistas-artistas!

A sala de banquete, é imensa, com jarros chineses mais altos que eu, e pelo menos, 100 lugares a mesa! Já pensou servir esse povo todo!

É simplesmente incrível!! Há tantos lustres de cristal que quando terminavam de acender a todos, provavelmente o dia já raiava e já era hora de começar a soprar suas velas! A armeria tem 2 andares, e lá se encontram centenas de armaduras dos reis, quando crianças e adultos, lanças, selas, enfim tudo que vocês podem imaginar que fosse necessário para uma batalha! É impressionante pois há na exposição cavalos em tamanho real paramentados e com seus cavaleiros igualmente prontos prá luta!

Uma verdadeira obra de arte! Quanta exuberância! Poder ver ali a história da Espanha é emocionante!

Sem contar que bem em frente ao Palácio fica a Catedral de La Almudena tão magnífica com seus vitrais, imagens e um órgão que cumpre muito bem sua função: durante todo tempo que durou minha visita, ele estava sendo tocado! Subir ao domo e ver tão de perto as estátuas que o decoram, e a vista toda da linda cidade de Madrid.

Imperdível!

PS. Para quem quiser saber mais e ver algumas imagens, já que é proibido fotografar o interior do palácio, na wikipedia há uma página bem legal e cheia de curiosidades!




quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Toledo

Uma das coisas que eu mais queria nessa viagem era ir a Ciudad Histórica de Toledo, Patrimonio de La Humanidad. E não podia ter escolhido melhor dia: sol, temperatura super agradável para caminhar. O centro histórico de Toledo está localizado em uma colina acima do Rio Tajo (é, aquele mesmo!). E lá fui eu... andei, andei, me perdi, me achei, subi e desci pelo casco velho... até descobrir que não ia dar tempo de continuar andando até chegar onde eu mais queria e tomar um táxi.

Valeu os 4 euros! A Casa-Museo de El Greco é um lugar lindo! A propriedade foi transformada em museu mantendo o jeito de casa, com os cômodos preservados, e os jardins mais agradáveis da cidade (aqui o chamam de museo de ambiente). Uma emoção prá mim! Adoro El Greco e ele tem um lugar muito especial na minha história... era um sonho chegar aqui!

Daí prá frente, mais casco velho pelo Barrío Sefardi, tagliatelli a carbonara na Casa do Pedro, com direito a uma porção de azeitonas dos deuses, e a descida até a Puente de San Martín, uma das duas que passam sobre o rio. Todo esse caminho está marcado com plaquinhas verdes pelas muralhas “Rota de Dom Quixote” (!!!!)

Ah! A estação de ferrocarríl é uma belezinha! Cheia de azulejos coloridos, lindos vitrais e lustres! Viagem de 30min desde Madrid, em um trem super confortável!

Precisava mesmo era passar uns 2, 3 dias andando pela cidade e descobrindo seus segredos!





segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Barcelona


Foi rápido! Tanto é que nem deu tempo de contar com mais detalhes a visita, por isso vou fazer um resumo enquanto estou no aeroporto esperando o voo para Madrid!

Já disse que Barcelona é uma cidade luminosa! Ruas amplas, árvores, cafés e Gaudí! Sim, ele está por todos os lados... mesmo quando não é ele! A Monumental Sagrada Família é um colosso... tanto que de Montjuïc é possível vê-la muito acima do restante da cidade. O Park Guell, onde se encontra a casa onde viveu e muitas das suas obras famosas, como a Salamandra, é um lugar delicioso... bom para caminhar, sentar-se e ouvir a música que vem de todos os lugares, fazer um piquenique, enfim, passar o dia!

Bom sentar-se num café, a sombra das árvores, que estão pela cidade toda, comer uns tapas acompanhado por una copa de cava, champanhe nacional e orgulho catalão! As pessoas sentam-se aos cafés a tarde e tomam suas taças de vinho enquanto colocam a conversa em dia e apreciam o movimento pelas ramblas.

Fiquei hospedada em um hostel em Eixample, um bairro bem moderno da cidade, cuja avenida principal, Paseig de Gracia, é como se fosse a Champs Elysées, todas as lojas chiques estão instaladas lá! Não muito longe ficam os bairros da cidade velha, Ribeira, Bairri Gótic, o oriental... com suas vielas e prédios antigos com plantas nas varandinhas e bandeiras da Catalunya! Uma delícia bater perna por lá e terminar o passeio no mercado da Boqueria com todo colorido das frutas e frutos do mar!! Sem contar o aroma! E já que se está tão pertinho, depois da boquinha no mercado uma caminhada até Port Vell para fazer a digestão e sentir o cheirinho do mar!

Barcelona é cidade para quem tem pernas (o que não é meu caso, rsrs)! Tudo é perto e é melhor dispensar o metrô e ir caminhando mesmo, aproveitando a vista! 

A nota dissonante: os turistas alemães continuam ganhando no quesito malaeducación... grosseiros, falam alto em todos os lugares, não respeitam as filas, e são incapazes de segurar a porta do elevador a nós, simples mortais!!! Já os espanhóis, são todos uns fofos! Educados e simpáticos, entendem que o turismo é grande fonte de renda para todos e nos tratam muito bem para que tenhamos vontade de voltar sempre! Como sempre há uma exceção, os atendentes das lojas da Starbucks daqui são muito ruins e todos mau humorados, diferença enorme de Paris, onde são todos fofos e gatos...  lá, diferentemente daqui, são só homens que atendem! Deve ser por isso que o café em Barcelona é mais barato!!!!

Chorei em Barcelona, também, quando vi a Sagrada Família e quando vi o Mediterrâneo, senti seu cheiro.  Há momentos em que acho que a qualquer hora vou acordar só para descobrir que estava mesmo é sonhando!

Gracias a vocês que continuam me fazendo companhia e até Madrid!




quinta-feira, 18 de outubro de 2012

de Paris a Barcelona

Deixei a Cidade Luz com chuva e 10 graus e cheguei a capital da Catalunya com sol de 22 graus! Desci do avião desvestindo casaco, echarpe, e só não tirei as botas pois se tiver que fazer isso mais uma vez num aeroporto vou ter um surto!

Barcelona é uma cidade moderna... ruas amplas, grandes boulevares, muitas árvores, cafés em todas as calçadas, muita claridade! A chegada já é uma delícia, o avião vem beirando a costa e entra na cidade pelo mar! Já é possível avistar o Mediterrâneo lá de cima! Quilômetros andados no aeroporto atrás das malas, quando as portas se abrem para a cidade é possível sentir no rosto a brisa morna!

Aqui as pessoas se olham mais, se falam mais... em Paris todos estão com os olhos pregados no iphone, até dentro do metrô não largam o aparelho! Aqui as pessoas leem nos trens!!! Mesmo quando os parisienses são educados, o são de uma maneira blasé... os catalãos são mais divertidos, risonhos, solícitos, já vão perguntando se prefiro o cardápio em inglês, francês, espanhol... é o máximo!! Além do que aqui tudo é mais barato!

Barcelona tem o Mediterrâneo, mas Paris tem o Sena!

Barcelona é uma cidade iluminada! 
Mas Paris... ah, Paris é glamurosa! 
Paris tem história! Charme! 
Paris tem romance!

Quem me conhece bem sabe que eu nunca viveria em outro lugar que não fosse Sampa! Até  conhecer Paris! Paris já está tatuada no meu coração! E é prá lá que eu sempre vou querer voltar!





domingo, 14 de outubro de 2012

Au revoir, Paris!

Meu último dia na Cidade Luz!
Parto amanhã cedo para Barcelona, segunda etapa da minha viagem!

Paris é uma cidade linda! Cheia de idiomas, cheiros, surpresas! Poucas cores, mas um sabor especial! Vi quase tudo o que queria ver... não fui a Versalles nem a Arles, o tempo não ajudou... vai ficar para a próxima!

Algumas vezes as pessoas perguntaram o que eu estava fazendo no hotel, que não estava passeando pela cidade: férias também servem para descansar! Não foi preciso passar o tempo todo perambulando por aí... 10 dias são suficientes até para passar o tempo na cama olhando pela janela, para os telhados de Paris, vendo a chuva cair... simples assim!


Dois super parceiros: Paris a Pé da Insight Guides e Museum Pass. O primeiro me levou a lugares incríveis, contou detalhes e curiosidades, me ajudou a caminhar pela cidade sem me perder, a tomar o metrô sabendo para que lado devia ir... o segundo, além de me fazer economizar uma boa grana, me proporcionou o melhor: nada de filas!! Há sempre uma entrada preferencial para quem o possui - a não ser no primeiro domingo do mês, onde a maioria dos museus tem entrada gratuita e sem preferência!


Duas figuras super importantes: M. Félix, o concierge do Hotel Victoria. Fala qualquer língua que você puder imaginar, está sempre disponível a prestar informações, procurar horários de trem, imprimir tickets de viagem, além de ser uma figura agradabilíssima, chamando a todos de querid@ sempre com um sorriso no rosto! E Frederick, um alemão enorme, o atendente da noite, que fala um português impecável e tirava o café da máquina para mim todas as vezes, muito divertido e completamente doido a reclamar e esbravejar em uma mistura de alemão e francês quando alguma coisa não dava certo como ele queria, o que acontecia quase sempre!!

Os companheiros de viagem: os amigos aí do Brasil, com quem falei por skype ou chat, ou que comentaram minhas fotos, ou ainda me deixaram recados no FB... foi muuuuito legal ter vocês comigo aqui! Companhia luxuosa!!

Deixo Paris sentindo um orgulho grande de mim mesma: chegar até aqui, outro continente, outra língua, sozinha, um oceano a me separar da minha casa e das pessoas que amo e me amparam sempre que preciso, sem falar francês, passar pela imigração espanhola cheia de medo (!!!), outro avião, outro aeroporto, puxando minha mala pelos corredores de Orly sem saber prá que lado me virar... foi bem pouco assustador!! Mas saio daqui muuuito feliz por ter conseguido que tudo desse certo, sem problemas! 

É bom sonhar... é bom lutar... é bom demais realizar!!

Espanha, aqui vou eu!!



sábado, 13 de outubro de 2012

Nuit de samedi


Frio. 9 graus. Visto casaco, botas, chapéu, cachecol e vou ao O’Sullivans tomar uma cerveja!

O Boulevard Poissonnière está cheio de gente. A fila do Chartier está dobrando a esquina (todas as noites há fila, mas hoje é recorde!). A francesada teen lota a frente do Hard Rock Café. Todos os restaurantes da Passagem des Panoramas tem suas mesas ocupadas. Só a Starbucks já fechou!

Na volta, parei na entrada da Cité Bergère para fumar um cigarro e apreciar o movimento mais um pouco!

Sente-se no ar o cheiro de crepe com Nutella!

Celafête a Paris!!! 

E eu não estou com a menor vontade de ir embora!!






Bateaux - Mouche


Choveu a manhã toda. Tomei chuva para ir a Gare Saint Lazare... tomei chuva na Bastille!! Chuva para almoçar! Voltei pro hotel molhada e chateada!

Quase no final da tarde, abriu o sol! Como aqui escurece lá pelas 20h resolvi sair para um passeio. Até o Sena. Adoro o rio! Melhor... passear no rio!

Lá fui eu a Ponte de L’Alma para o original Bateaux-Mouche – "authentic since 1949" é o que diz no ticket. Há várias companhias que fazem esse passeio, com diferentes tipos de barco, mas como era primeira vez, melhor ir no original!

E foi uma diversão! Ver Paris de outro ângulo, de baixo para cima! Passar sob as pontes... e o pessoal acenando para quem está na barca!

Adorei! Uma das coisas mais legais que fiz na Cidade Luz! Estou até pensando em repetir o passeio amanhã a noite e ver se a cidade faz mesmo jus ao título!!




Giverny


Depois de dias de chuva, hoje o Astro-Rei finalmente apareceu! Desde que cheguei vinha adiando minha ida a Vernon esperando por ele, e tinha me proposto a ir nesta sexta com qualquer tempo, já que meus dias de Paris estão chegando ao fim... mas, ele resolveu me presentear com sua companhia! E lá fomos nós, visitar os Jardins de Monet em Giverny!

E que maravilha! É mesmo inspirador viver em um lugar assim! Andar pelos mesmos lugares e ver as mesmas paisagens que Monet via é mágico. Ver o lugar onde ele viveu e trabalhou por mais de quarenta anos... Ver de onde vieram as Nympheas que tanto me emocionaram no L'Orangerie... Giverny inteira é um jardim! Imagino quão mais linda deve ser na primavera! Devo voltar!

A ponte japonesa está lá, igualzinha aos quadros! A luz também! As cores! É como se eu já tivesse estado ali! Mas dessa vez a visita se encheu de outras sensações, sons, cheiros... Meu caso de amor com Monet só faz aumentar!!

Não é um passeio barato: entre metrô, trem, ônibus e tickets de entrada são quase 50 euros, sem contar os souvenirs irresistíveis da lojinha, mas valem cada centavo. Saindo de Paris, leva-se uma hora para chegar até lá, em trem e ônibus super confortáveis e pontualíssimos!

Uma pena não ter tido tempo para passear por Vernon, no caminho é possível ver uma catedral belíssima bem no centro da cidade, que também é cortada pelo Sena, mas o intervalo entre o ônibus e o trem é o suficiente apenas para um café!

Em tempo, nem na ida, nem na volta, ninguém sequer me pediu as passagens. Na Gare Saint Lazare, de onde parte o trem, e onde comprei os bilhetes, havia um funcionário na plataforma que me disse ser aquele o meu trem, mas sequer conferiu, e na volta, há na estação uma máquina onde inserimos o bilhete para ser validado e é só... não há catracas nem controle algum. Parece coisa de primeiro mundo! :-)









quinta-feira, 11 de outubro de 2012

L’Orangerie


Minhas lembranças do meu primeiro contato com a arte me levam sempre a Monet. Minha primeira visita ao MASP foi para vê-lo. Durante todo tempo que pensei em vir a Paris, pensava em poder ver as Ninféias no L’Orangerie. Não a toa, chorei novamente aqui, ao vê-las! E muito!

O museu fica num dos cantos do Jardim das Tuleries, meio escondido, e bem a sua porta dei de cara com o Beijo, do Rodim. Um cartaz anuncia uma exposição especial de Soutine... sorte!

Ao entrar no museu, antes de chegar as salas com os quadros, há um vestíbulo, todo branco, projetado por Monet a fim de criar uma válvula de escape entre a cidade e sua obra... um momento para tomar fôlego antes de penetrar nas Ninféias! É preciso mesmo pois o ar me fugiu dos pulmões quando as vi! São deslumbrantes! Uma explosão de azuis e verdes! Não fui a única a chorar...
Quando ofereceu os quadros a cidade o pintor tinha em mente proporcionar aos parisienses um “remanso de paz” e convidá-los a contemplar a natureza. Aberta visitação ao público em 1927, alguns meses depois de sua morte, não causou muita empolgação principalmente pela crítica, vindo a ser reconhecida apenas depois da segunda grande guerra! Mas lá estão elas, em todo seu esplendor...

O que veio depois só serviu para alegrar ainda mais os olhos e o coração: a Coleção Walter-Guillaume em exposição no andar de baixo do museu apresentando obras de Modigliani, Matisse, Picasso, Derain, Utrillo e a especial de Soutine!

Vou me aborrecer porque tem chovido muito em Paris? 




Galeries Lafayette


Aqui bem perto do meu hotel ficam dois templos das compras na cidade: a Printemps e a famosa Galeries Lafayette. Instaladas em dois prédios belíssimos no boulevard Haussmann – avenida que homenageia o grande urbanista de Paris no reinado de Napoleão, o barão Georges Haussmann, elas são referência para quem vem às compras!

Entrando na Lafayette já me deparei com uma fila enorme na porta da Prada, com um segurança organizando os consumidores... logo a frente fila na Louis Vuitton também... Nos vários estandes de maquiagem e perfumaria instalados no piso térreo uma profusão de idiomas, mas o coreano imperava! Eles são inúmeros na cidade, tanto que eu percebi que em algumas lojas haviam vendedores falando a língua, o que facilita e muito na hora de gastar!!!

Junte a essa babel a mistura dos perfumes e está criada a fórmula certa para me endoidecer!! Só tive tempo de fazer a foto que acompanha esse post e correr porta afora! Não tive nem coragem de entrar na Printemps!

Posso muito bem passar a minha vida sem isso!




quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Montmartre


Paris é uma cidade plana, e por causa disso, de quase todos os lugares é possível avistar a Basílica do Sacré-Coeur, que fica em Montmartre e como o próprio nome diz, está bem no alto. Saindo do metrô é bom ir se preparando, pois todos os caminhos levam para cima... para se chegar a Basílica é preciso subir ladeiras e escadarias. Há um funicolare que faz isso, mas a fila não vale a pena! O bom é ir por caminhos diferentes da multidão, conhecendo os encantos de Montmartre!

Sacré-Coeur levou mais de 40 anos para ser construída, foi projetada em pagamento a uma promessa de paz e não é das igrejas mais bonitas da cidade, mas passando por suas portas eu tive a impressão que o mundo parou!! Lá dentro reina um silêncio profundo e o cheiro do incenso e das velas é muito grande... além do que todo o mais é simplesmente LINDO!! O interior da Basílica é magnífico, com seus vitrais e estátuas, o domo altíssimo, a luz das velas espalhadas por todos os lados... o coração chega a parar!

A única coisa a fazer é sentar-se, admirar, e sentir a paz!

Logo na porta de entrada há um funcionário avisando da proibição de fotos e pedindo aos visitantes silêncio, e como a maioria respeita, é provável que o clima também se deva a isso, já que nas outras grandes igrejas a turistada, quase sempre, exagera!

Saindo de lá, e andando pelas ruazinhas, sente-se o tal clima boêmio tão conhecido do bairro. Uma delícia, entrar nas lojinhas de souvenirs (que são diferentes das que estão no centro), ateliers e galerias. A praça onde se concentram os cafés é tomada pelos artistas que pintam retratos, desenham caricaturas e até recortes em dobraduras, a quem se dispuser a pagar pelo menos 30 euros!

Descendo um quarteirão está o motivo principal que me trouxe até aqui: o Espaço Montmarte Salvador Dalí – Paris. Antes mesmo de entrar na galeria já se pode ver a lojinha que vende os souvenirs do artista, que são verdadeiras obras de arte... mas é lá dentro que a arte acontece: são aquarelas, gravuras, esculturas, objetos de decoração, produzidos pelo mestre do surrealismo. Há também um pequeno curta-metragem mostrando uma das performances de Dalí que é projetado em um lugar que provavelmente fazia parte dos subterrâneos da construção, bem surreal!! Na saída, uma galeria que vende reproduções numeradas e datadas pelo próprio mestre... um espaço bem chic, onde não há preço nas peças a venda!!!!

E assim, num clima surreal de boemia, volto a Paris para mais uma noite de chuva na Cidade Luz!





terça-feira, 9 de outubro de 2012

Champs Elysées



Sair de La Concorde em direção ao Arc de Triomphe, andando calmamente pela Champs Elysées, primeiro pelos jardins, depois apreciando as vitrines das lojas mais chiques da cidade em um domingo de outono, sol, mas muito frio, é o que eu chamo de dia perfeito!

Quanto mais me aproximo do Arc, mais meu coração acelera, e quando finalmente chego a Place Charles de Gaulle, ele parece que vai explodir, e é nesse momento que choro pela segunda vez em Paris. Por sorte, quase na esquina um banco vazio e eu sento tentando me acalmar... quase meia hora só apreciando: o monumento, as pessoas, o movimento do trânsito, ônibus de excursão! C’est la fête! (dizem que as seguradoras não cobrem os acidentes de trânsito ocorridos aqui!)

Quando me decido ir até lá, por onde? Não há semáforos para atravessar a rua e até que eu descubra que se faz isso por uma passagem subterrânea, lá se foi um bom tempo! Já no caminho é possível ver a fila para a bilheteria... tudo aqui tem fila!!!

Saindo da terra, diretamente sob o Arc... que maravilha. Ele é mesmo muito grande!!! E cheio de história, pelas paredes, no chão, no teto... um símbolo da França! Agora é subir e apreciar a vista das alturas. Mais de 200 degraus e o coração agora disparado por conta do esforço para vencer a escadaria meio sinistra!! Mas valeu a pena, muito! É possível avistar a cidade inteira lá do alto. A Torre, Sacre Couer, o Louvre, La Defénse...

Paris é linda do alto também!

Na volta, uma parada para apreciar as belezas do Grand e do Petit Plais e bem ao fundo é possível avistar o Hôtel de Invalides com o domo dourado e, como acontece quando caminhamos sem preocupação e sem destino, surpresa ao chegar a Pont Alexandre III... ficou mais famosa depois que Adele gravou lá aquele clipe tão triste! Mas a ponte é belíssima! Rodeada por tótens e estátuas douradas que reluziam ao sol do final da tarde! Magnifique!


Descer até o rio, sentar-se a beirada e ficar observando a tarde, os Batteaux-Mouche e as Vedettes do Sena passarem não tem preço!!! Domingo perfeito!!















Louvre


Dia de chuva em Paris... dia de ir ao Louvre.

Na chegada, uma fila imensa de parapluies coloridos dando a volta na pirâmide. Nessa hora agradeço ter descoberto, meio que por acaso, o Musée Pass, e com ele em mãos, vou direto a fila preferencial, a frente de todos e depois de passar minha bolsa pelo raio X, voilá!!!! Estou no Louvre! E é nessa hora que lágrimas me vem aos olhos, pela terceira vez desde que cheguei. A grandiosidade chega a emocionar, e parece meio clichê, mas vir a Paris e não visitar o Louvre não vale!

A fila lá fora era só para entrar no museu, agora ainda é preciso comprar os tickets, e mesmo com várias bilheterias, novas filas... O Hall Napoleão parece uma Babel!! E lá vou eu de novo com meu passe na mão direto a exposição da Arte Islâmica recém inaugurada. Uma beleza... Com uma curadoria de causar muita inveja ao MASP, diga-se de passagem, a exposição é digna de Khoda!! Há mosaicos de mais de 30m2, portas em arabesco, joalheria, utensílios domésticos e tanta coisa... Meu querido amigo Wissan esteve no meu coração, mais ainda, durante essa visita!

Segundo passo é fazer o que todos os turistas fazem: ver La Gioconda! Antes mesmo de chegar a ela, a batalha é subir as escadas que dão direto na Vitória da Samotrácia, e que faz congestionar muitos degraus. Vencida essa etapa, o corredor que leva a Mona Lisa é deslumbrante com Caravaggio e todos os contemporâneos italianos. Logo percebo que estou perto pelo barulho das máquinas e pela luz dos flashes (apesar da proibição!). Na sala 4 lá está ela: por detrás do vidro e da multidão que se acotovela para fotografá-la. Deve ser a mulher mais fotografada de toda a história! Nem sei se olham direito prá ela!

Continuando, vou atrás de uma encomenda, e a encontro depois de percorrer tantos monumentais Ingres e Delacroix... Sento lá a frente do Julgamento dos Horácios, com outro amigo na lembrança... Missão cumprida, Thiago!

Mas o que eu quero mesmo ver ainda está por vir... As esculturas francesas do Cour Marly, Vermeer, van Eyck, a Escola de Fontainebleau, Renoir, Velasquez, Veronezzi, Rubens... de tirar o fôlego!!

Quase 4h depois, alguns quilômetros andados, 8 euros por um lanche(!!!!!), uns recuerdos na bolsa, agora o Louvre faz parte da minha história. Provavelmente não cheguei a lhe conhecer metade! Tudo no Louvre é superlativo! Muita arte, muita gente, muitos idiomas... Mas há também muitas janelas, como se precisássemos, vez em quando, olharmos pro mundo lá fora, o mundo real!






domingo, 7 de outubro de 2012

Notre Dame

Não estava entre minhas preferências visitar a Catedral, mas já que ia passar a tarde nas ilhas resolvi começar por lá. Ainda bem!! A visão é tão emocionante que fiquei com os olhos cheios de lágrimas! Não há, nas dezenas de fotos que tirei, nenhuma que traduza o que é estar defronte a casa do Corcunda!! :-)

Monumental é pouco!!!

Assim como a fila da entrada! Horário de missa, igreja cheia - todos os católicos franceses deviam estar lá, e a turistada na ventania esperando para entrar, free pass! Nem pensar! Vou até o portão principal e dou uma olhadinha prá dentro! De repente o segurança manda as pessoas se afastarem, abre os portões; a missa acabou e vão sair todos em procissão... Os coroinhas, sacristãos, padres, bispos e toda a comitiva!!!

E não é que: para que eles pudessem passar interromperam a fila... e onde eu estava? Do lado certo!!! Adeus fila e lá fui eu... calmamente ver a maravilha que é o interior da Catedral! Os vitrais são de tirar o fôlego! A pietá é deslumbrante! Bien... c'est très beau!


E como sorte a gente não deve esbanjar, na saída, por causa da garoa, fecharam a torre. Fica para outro dia a visita aos aposentos de Quasímodo!









sábado, 6 de outubro de 2012

Musée Rodin

Belíssimo!! Não há outra palavra para descrever os 3 hectares de jardim que abrigam as mais importantes obras do escultor. O Pensador, A Porta do Inferno, Ugolin... Nenhuma das fotos pode traduzir o que senti ao vê-los. Era um dos lugares que eu mais queria ver em Paris e foi muito mais do que eu podia imaginar!

Todo o terreno, incluindo um palacete do século XVIII, o Hotel Biron, foi comprado por Rodin em 1908 para servir como sua residência parisiense e 8 anos depois doado ao Estado, juntamente com suas obras, biblioteca, cartas e coleções para a fundação do museu! É possível apreciar também quadros de Van Gogh e Munch que faziam parte da coleção particular do artista, além de muitas esculturas de Camille Claudel, aluna e grande amor de Rodin.

Há no d'Orsay um dos bronzes da Idade Madura de Camille, em lugar de destaque, mas poder vê-lo no lugar onde ele foi concebido é uma experiência muito mais emocionante, mesmo estando em uma sala abarrotada de outras peças!

Há também uma exposição temporária no anexo do museu - Rodin, La Chair, Le Marble, com mármores magníficos do mestre, muitos deles cedidos por colecionadores particulares especialmente para essa exibição.

 Enfin, a lojinha do museu é de arrepiar os euros da carteira! Tudo muito caro, mas, é preciso admitir, tudo de muitíssimo bom gosto! Quando vier a Paris, visite o Musée e leve pelo menos um lápis de souvenir!!

Musée Rodin - 79 Rue de Varenne, 7e Arr.







sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Arrivée


Depois de 10h dentro de um avião, quilômetros andados em Barrajas, Madrid, para fazer conexão, mais 2h em outro avião, eis que estou em Paris!

Será?
O motorista de táxi que me trouxe de Orly até o hotel era português e desandou o sotaque da terrinha quando soube que eu vinha do Brasil! No Victoria Hotel a recepcionista da tarde é angolana, a da noite coreana, e o gerente só fala inglês! Do outro lado da rua, o cheiro bom vem do kebab turco, e na marquise da biblioteque há 2 moradores bem instalados!

Há um monte de gente pelas pontes atrás dos turistas com o golpe da aliança de ouro....

O trânsito c'est l'enfer, ninguém respeita os semáforos, principalmente os pedestres!

Bien... parece Sampa!!! ;-)