terça-feira, 23 de junho de 2009

Estufa o peito - contradições de Sampa

Tenho recebido algumas contribuições para o blog. São emails que circulam feito correntes falando das maravilhas da metrópole, fotos interessantes, e aos poucos quero falar de cada assunto que me chega (aproveito para agradecer aos colaboradores!) .

Vou começar por um email que trazia em anexo um pps com esse título: estufa o peito! Era uma série de fotos contando as maravilhas de Sampa. A quantidade de concessionárias de carros importados que existem na cidade - Ferrari, Lamborghini, Bugati, a maior frota de helicópteros, as maiores joalherias do mundo que tem lojas aqui - Bulgari, Tiffany's (só dessa são 4!!!!), a quantidade de vinhos caros tomados aqui também é surpreendente, o número absurdo de shoppings - 70, e daí para as informações demográficas: quantas pessoas vivem na Grande São Paulo, o tamanho do nosso território, o PIB, quantos carros congestionam nossas ruas todos os dias e por aí até o final quando aparece um "Pode relaxar! A cidade de São Paulo é muito grande mas sempre caberá mais um!" ao lado do famoso brasão que traz a inscrição em latim "non dvcor dvco".

É assim, Sampa é mesmo uma cidade superlativa... tudo aqui é muito, inclusive as contradições. Veio também nesse email a quantidade de pessoas que circulam na 25 de Março todos os dias - acrescentem o bairro do Brás e esse número duplica ou triplica facilmente! Vocês podem imaginar. Podem? Só indo até lá prá ver, pois é uma experiência única. Sei disso porque trabalho na região e o número de pessoas que vejo por ali é muitas vezes assustador! Essas pessoas estão procurando artigos baratos, e não uma calça jeans de R$ 800,00. Os pontos de ônibus e as estações do metrô parecem formigueiros humanos, e por lá jamais vi uma Ferrari.

Num desses slides havia a informação de que 60% de todos os milionários do Brasil residem aqui e que 80.000 paulistanos tem uma casa nos EUA ou Europa. Vejo todos os dias no meu caminho, e já me acostumei a eles, algumas figuras com residência fixa nas ruas. Há um homem de uns 40 anos que reside no Elevado (o famoso Minhocão). Não sob, mas sobre, se misturando aos carros que passam lá todos os dias, inclusive o meu.

Pouco mais a frente, na ligação com a Radial Leste, um outro homem, bem mais idoso, uns 60 anos, também vive sobre um dos viadutos e guarda ali, num canto junto a mureta de proteção suas coisas, sacos cheios que ele sempre está carregando de lá prá cá. Um quilômetro adiante, por sob um viaduto no Parque D. Pedro vivem 2 homens e uma mulher, e, junto com eles pelo menos uns 10 cachorros. Não os chiques e modernos: nenhum galgo, nem golden retriever, mas apenas vira-latas, amarrados por fios de barbante para que não corram o risco de serem atropelados pelos ônibus que param em um ponto ao lado. Uma vez a cada 15 dias vejo por lá uma perua de um veterinário da região, que provavelmente ajuda a cuidar dos bichos.

Esse é o retrato mais fiel da cidade, pelo menos aos meus olhos. A riqueza e a pobreza, o luxo e o lixo, enfim, os opostos que vivem lado a lado! Quem há de entender essa cidade?



Um comentário:

  1. Esta semana estive no Aquario de São Paulo, no Ipiranga. Um agradável passeio, o lugar é bem organizado, com monitores atenciosos, lanchonetes e lojinha. Tão interessante quanto é o passeio de "Jardineira" (R$5,00) que parte da porta do Aquário. Durante 30 minutos é possível conhecer algumas curiosidades sobre o bairro, graças a simpatia de "Lilica", a guia que nos acompanha ao lado do motorista vestido a caráter ao som de músicas dos anos 40. Ao final do percurso, ela ainda dá dicas interessantes sobre passeios em Sampa. A idéia do passeio é do proprietário do estacionanmento que serve ao Aquário, muito simpatico por sinal...

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